Farol Jornalismo e Abraji convidaram 13 autores e autoras para refletir sobre o presente e projetar o jornalismo no país no ano 2017

Se 2016 foi o ano da pós-verdade, 2017 deverá ser o ano da transparência para o jornalismo brasileiro. Mais do que uma previsão, isso é uma necessidade para profissionais e veículos que queiram reafirmar seu contrato de confiança com o público.

A boa notícia é que há espaço para reatar o relacionamento com leitores, telespectadores, ouvintes e internautas. Do lado de lá, a sociedade mostra que se importa e quer contar com jornalismo de qualidade. E o caminho para tanto é ser honesto e estar atento aos nossos públicos. É uma das tantas lições que aprendemos com os 13 autores convidados para a série que aqui apresentamos, O jornalismo no Brasil em 2017.

Ao realizar esse projeto, um dos objetivos do Farol Jornalismo e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) é valorizar brasileiros que estão pensando a nossa profissão. Inspirados pelo Predictions for Journalism, do Nieman Lab, buscamos a ampliação das discussões sobre a nossa área, ressaltando o caráter de reflexão, e não só de projeção, que os textos deste especial trazem à tona. Falar sobre o fazer ajuda a organizar o raciocínio, potencializando a prática e deixando-a mais transparente.

Convidamos jornalistas e profissionais de outras áreas, dentre nomes com larga experiência de mercado e pesquisadores da academia de diferentes regiões do país. A partir de temas que procuraram cobrir as discussões mais atuais e relevantes dentro do jornalismo, e com a edição dos jornalistas Marcela Donini e Moreno Osório, os convidados do projeto O jornalismo no Brasil em 2017 oferecem um precioso olhar sobre o presente e o futuro próximo do complexo e instigante cenário jornalístico atual.

Se, por um lado, as crises narrativa, de credibilidade e do modelo de negócio permeiam diversos textos do projeto, por outro, surgem oportunidades para oxigenar a profissão, que servem tanto às novas mídias quanto às tradicionais. Isso pode ser feito empreendendo, como escreve Sérgio Lüdtke, ou investindo em novos formatos, sejam os podcasts apresentados por Barbara Nickel ou o longform e os recursos estéticos, abordados respectivamente por Raquel Longhi e Fabiana Moraes. Tendências como breaking news em smartwatches e a volta da figura do editor de fotografia também mostram-se promissores, conforme nos falam Eduardo Pellanda e João Wainer. Sem contar o jornalismo de dados e o fact-checking, temas discutidos por Natália Mazotte e Tai Nalon.

Mas nada disso será possível se o jornalismo não fizer um diálogo franco com seus públicos, valorizando as diferentes vozes presentes em um país tão desigual, como nos lembra Marcia Veiga, e trabalhando para impactar na vida das pessoas e ajudá-las a encontrar sentido no mundo, como nos mostram Pedro Burgos e Frederic Kachar. Ou seja, ainda há muito espaço para ser transparente. Desde a reafirmação dos compromissos éticos em um ambiente digital, conforme afirma Rogerio Christofoletti, até a abertura das finanças. “Não é possível criar um ambiente propício ao jornalismo investigativo sem que os próprios veículos ponham suas finanças a limpo”, escreve o repórter Rubens Valente.

Apesar de tratarem de temas distintos, todos esses olhares possuem a mesma natureza: são ao mesmo tempo uma análise do presente e um ponto de partida para o futuro. E nenhuma época do ano é mais propícia para reflexões dessa natureza do que o mês de dezembro. Este especial é, portanto, também um convite. Venham analisar o jornalismo que temos e projetar o jornalismo que queremos no ano que vem e nos seguintes. Refletir de maneira conjunta é o primeiro passo para fazer da transparência a marca do jornalismo no Brasil em 2017.

Bom

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