Pabllo nasceu Phabullo (pronuncia-se “Pablo”) Rodrigues da Silva, gêmeo de Phamela (pronuncia-se “Pâmela”), em São Luís, no Maranhão. A mãe, técnica de enfermagem, levava uma vida itinerante. Foi com as crianças para Santa Inês e Caxias, no interior do estado, depois para São Paulo e, finalmente, se fixou em Uberlândia, Minas Gerais. Pabllo nunca conheceu o pai biológico.

No colégio, os colegas faziam pilhéria de sua voz fina. Certa vez, na fila da cantina, um garoto lhe disse que precisava começar a agir como homem e, ato contínuo, virou um prato de sopa quente em seu rosto. Pabllo chorou, mas ergueu a cabeça. “Tive outros amigos que passavam pela mesma coisa, a gente tentava rir para não piorar a situação do preconceito”, afirma. Aos 15 anos, ele se assumiu gay para a família. Sua mãe disse que já sabia. “Aí foi fácil. Minha mãe me apoiava, então a opinião dos outros não valia nada.”

A primeira vez que se “montou” (ato de se vestir como mulher) foi aos 17 anos, em Uberlândia, para divulgar a festa de uma amiga, entregando panfletos  na porta de uma boate. Não tinha peruca nem salto alto. Improvisou um vestido com uma camiseta comprida, colocando um cinto para marcar as curvas. Pegou o sapato emprestado de uma amiga, comprou maquiagem fajuta na farmácia e foi. “Nossa, eu estava muito feia”, diz, revirando os olhos e cobrindo a boca com a mão. “Mas, ao mesmo tempo, estava me sentindo muito bela! Isso que importava”, diz, em meio a risadas.

Até então, Pabllo achava que ser drag queen se limitava a “bater cabelo” nas festas – momento mais esperado do show de uma drag, em que ela roda freneticamente a cabeça em todas as direções. Os cabelos (geralmente perucas) ficam suspensos no ar, indo de um lado para o outro, batendo com outras cabeleiras igualmente exuberantes. Ao ser apresentada por um namorado ao programa RuPaul’s drag race, Pabllo descobriu outra faceta das drags. O reality show americano mostra uma competição de drag queens que desfilam para ganhar US$ 100 mil e um estoque vitalício de uma marca de maquiagem com a qual fecham um contrato. Pabllo aprendeu que poderia “performar”. “Foi uma surpresa, não conhecia esse lado da arte drag. Fiquei apaixonada! Falei: eu posso ser isso aí”, diz Pabllo. “Foi uma libertação. Quando estou estressada, me monto e externalizo coisas que não consigo falar, mas que posso transmitir por meio da maquiagem e da produção.”

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